Espiritualidade

8 formas de amar seu filho

Tempo de leitura: 6 minutos

Muitos pais sofrem por acreditarem que seus filhos se sentem amados apenas quando passam tempo de qualidade com eles. Mas a verdade é que há várias formas de demonstrarmos amor e nos sentirmos amados. Além disso, todos nós precisamos de receber e dar todas essas formas, ainda que em quantidades diferentes.

1. Tempo de qualidade 

Sem dúvidas o tempo de qualidade é o grande tesouro dos pais e, quando ele não existe, fica o sentimento de que algo ficou para trás ou de frustração. Este tempo não exige longa duração mas sim atenção exclusiva, ainda que por breves minutos.

O tempo de qualidade também não precisa ser necessariamente algo extraordinário. Ele está mais nas sutilezas do dia-a-dia, quando ouvimos nossos filhos e conversamos com eles, nas histórias que contamos, nas brincadeiras, no estudo, fazendo algo juntos, desde que nossa atenção não esteja dividida. Por isso, mesmo em famílias numerosas é possível todos os dias olhar nos olhos de cada filho e lhe dirigir algum tempo de qualidade.

Mas também cabem os eventos extraordinários como os passeios, os filmes e as aventuras. Só não podemos esquecer de deixar o celular de lado e nos conectarmos com quem importa: nossos filhos.

2. Toque físico 

A linguagem física/corporal é muito bem compreendida pela criança, especialmente pelas pequenas. Muitas vezes a linguagem verbal ainda é algo distante e sem muito significado, mas a expressão corporal dos pais é um livro fácil para a criança ler.

Por isso, se andamos o dia todo carrancudos, sem sorrir, com voz áspera e irritada, não nos espantemos se nossos filhos estiverem mais desobedientes e estressados. Muito provavelmente eles estão tentando chamar a nossa atenção para se sentirem amados. 

Sorriso, voz suave, expressão facial tranquila, beijos, abraços, carinho na cabeça, dar colo, segurar as mãos, tapinha no ombro, e até brincar de lutinha são letras essenciais no alfabeto físico do amor e da motivação. Deixe a expressão severa e a voz áspera para as repreensões.

Todas as crianças precisam de contato físico com seus pais ou responsáveis durante a infância e adolescência. Mesmo que os adolescentes não queiram, abrace e beije mesmo assim. Acredite: eles precisam muito disso. 

Muitas pesquisas mostram que a falta de afeto e carinho, especialmente do pai, são uma grande causa de problemas de sexualidade na juventude e vida adulta. 

3. Atos de serviço 

Este parece ser o que mais entristece aos pais: acreditar que o serviço que fazem pelos filhos atrapalha a que ele se sinta amado. Mas na verdade, servir aos filhos é não só um ato de amor, mas também de autêntica autoridade.

É claro que não vale passar o dia todo só limpando a casa e não dar das outras linguagens para os filhos, porque embora essa linguagem seja sumamente importante, ela não costuma ser compreendida conscientemente até a vida adulta.

Mas não duvide que vestir roupas limpas e cheirosas, comer comida fresca, usar sapatos limpos, ter a higiene cuidada, viver em uma casa em ordem deixam marcas profundas em nossos filhos além de contribuir para o desenvolvimento das suas virtudes. Tudo aquilo que está em Deus é agradável e limpo. 

Obviamente esta  forma de amar não pode nos fazer deixar de ensinar nossos filhos a serem independentes. É muito importante que eles aprendam desde cedo a contribuir com a sociedade doméstica, entendendo que um lar harmonioso depende da responsabilidade de todos. Os pais ocupados ou perfeccionistas demais para ensinar seus filhos a fazerem serviço de casa não estão amando os filhos, estão incapacitando-os.

4. Palavras de incentivo 

Palavras de afeto e carinho, palavras de elogio e encorajamento, palavras positivas de orientação, todas comunicam a mesma coisa: “Eu me importo com você!”. As palavras marcam. 

Algo terrível para uma criança é crescer sob o jugo de palavras duras, negativas, grosseiras e sob o império do grito.

Pior ainda se somado a isso estão os rótulos “você é um bagunceiro! Você é um teimoso!”, porque estas coisas vão se aderindo a personalidade infantil e a criança vai se transformando naquilo que os pais dizem que elas são. Afinal, na cabeça infantil não há espaço para duplicidade: elas são mesmo extremamente literais.

É preciso tomar cuidado com as palavras que dirigimos aos nossos filhos para que eles não cresçam acreditando que são seres ruins, que são um peso em nossas vidas. Como é agradável ouvir e crer que somos amados, queridos, que fomos desejados, que é bom viver conosco, que a vida conosco é mais feliz! A maior parte dos traumas na infância e que repercutem em grandes rebeldias e dramas na adolescência e vida adulta são pela falta de se sentir amado. 

Na hora de elogiar também é importante não exagerar dando grande importância aos dons naturais, multiplicando elogios ou falseando a consciência da criança (você é o mais inteligente do mundo, por exemplo, é algo que não agrega). 

Use palavras positivas para motivar seus filhos a obedecerem e serem virtuosos. Elas são muito mais eficazes. Não esqueça da humildade em pedir perdão quando errar com seus filhos, essa é uma grande lição.

Além disso, já que estamos falando de palavras, é importante dialogar com nossos filhos, ouvindo suas ideias, histórias, sentimentos, ajudando-os a se expressarem e se comunicarem, interessando-nos verdadeiramente pela pessoa de cada um de nossos filhos. 

5. Presentes

Presentear é um ato de amor. Não quando os presentes chegam como uma compensação pela ausência, nem por uma concepção errada de que o filho precisa ter tudo. Mas quando é feito daquela delicadeza própria dos que querem fazer memória, oferecer um cuidado, provocar uma alegria.

Por isso os grandes presentes devem ser em ocasiões raras como talvez o Natal e o aniversário. Mas os presentes simples podemos fazer com mais frequência: uma comida que agrade, um passeio, uma flor colhida no caminho, um docinho, um sorvete  e tanto mais. 

Não duvide que a sua presença amorosa e irmãos são o melhor presente que você pode dar aos seus filhos! 

6. Dar limites

Uma forma de amar nossos filhos é dar limites para que cresçam de forma saudável, seguindo regras e aprendendo a conviver harmonicamente. Educar exige tempo, paciência, carinho, atenção, presença e uma boa dose de “nãos”. 

A cultura moderna está recheada de premissas que subvertem a ordem e o bem da família: tudo causa traumas, crianças precisam de atividades e ocupações o tempo todo, não podem ajudar nas tarefas de casa, não podem ouvir negativas e se frustrarem, dormem no mesmo quarto dos pais, norteiam o funcionamento da casa, pai e mãe tornam-se ou sócios que dividem a mesma casa ou apenas um assume a responsabilidade total pela educação dos filhos.

Nos EUA há um termo chamado helicopter parenting – pais helicópteros, que estão o tempo todo em cima de seus filhos, buscando estimulá-los, supri-los, fazê-los felizes. E isso é receita para o fracasso.

São os limites que cercearão até aonde nossos filhos podem ir, dando a noção dos valores e também de sua própria personalidade. Além disso, aprender a lidar com a frustração desde a mais tenra idade é essencial para um caráter forte que irá, lá na frente, resistir as dificuldades inerentes a vida.

7. Amar o pai/mãe deles 

Uma vez um padre me disse algo muito verdadeiro: uma criança sobrevive a uma escola mediana, a comer mal na infância, a não ter leitura em casa, mas não sobrevive a um casamento instável dos pais. 

Uma criança quando chega à uma família deve encontrar em seus pais um bloco superior e inseparável. Os filhos não estão no mesmo patamar dos pais. Há um abismo necessário (e saudável!) entre eles que promove a obediência, o respeito, o carinho, uma afetividade segura e saudável.

Um bebê deve ser inserido aos poucos na rotina da família, filhos devem ter hora para ir para cama, devem respeitar os momentos de atividades dos pais, aprender a esperar, os pais tem que ter seu momento a dois e nunca devem ficar um contra o outro por causa de algum filho.

Um lar harmonioso está focado na família e não em um membro só. Não é questão de abandonar os filhos, mas de ordenar as coisas. Filhos não são os reis da casa. Seus pais sim.

A interação entre os pais é o primeiro exemplo que recebemos sobre como funciona uma relação amorosa. Nossa tendência é repetir os modelos aprendidos, seja pela observação do comportamento, seja pelo que é verbalizado.

Por isso, amar ao nosso cônjuge é fundamental. Respeitá-lo, tratá-lo com carinho, validar suas ordens, não discutir na frente dos filhos, dar valor ao seu trabalho, nunca falar mal dele ou criticar para as crianças, ajudar a carregar os fardos do dia a dia e etc. 

Dessa forma, as crianças aprendem o que é o amor não somente porque são amadas, mas vendo como seus pais se amam. Os pais são a primeira escola de amor dos filhos, especialmente pelo exemplo de amor mútuo. 

8. Rezar por eles 

Por fim, mas não menos importante, está a oração pelos nossos filhos. É importante recuperar a tradição dos filhos pedirem a benção aos seus pais todos os dias ao acordar e antes de deitar, também ao sair de casa. 

É muito bom fazer novenas em família pelos nossos filhos especialmente em ocasião do onomástico ou do aniversário de batismo. Eles se sentem muito especiais. 

Pedir a Deus por nossos filhos em nossa oração pessoal, oferecer sacrifícios por eles, especialmente o nosso cansaço e trabalho podem ser ofertados nessa intenção.

Pedir ajuda a Nossa Senhora e aos anjos da guarda em momentos difíceis, para que possamos educá-los da melhor forma. 

E quantas vezes nossa oração será um silencioso sacrifício regado de lágrimas, um grito que quer ecoar mas se cala por amor e segue perseverante.

Por fim, fazer um checklist e colar em algum lugar da casa pode nos ajudar a nos lembrarmos de encher de tempos em tempos o tanque de amor dos nossos filhos.

Terapeuta e Escritora

2 Comentários

  • Maria Rosendo

    É interessante ver como cada item se faz necessário, como eles caminham juntos. Mas eu queria perguntar, como fazer quando um casamento que não deu certo? E ainda existem tantas feridas…

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